Existem várias formas de ir de Cusco a Águas Calientes, também conhecida como Machu Pichu Pueblo:
· Trem – considerada a forma mais confortável, 3,5 hrs de viagem, com um custo: cerca de U$110 ida e volta.
· Van e caminhada pela hidrelétrica – opção mais barata, a van desembarca os passageiros na central da Hidroelétrica após 6 hrs de viagem, e a partir dali é uma caminhada até Águas Calientes de 2 hrs. Custo: cerca de R$ 115,00, ida e volta.
· Trilha Inca – considerada a emocionante pelos amantes de trekking, caminhada de 2 a 4 dias, 43 km ao todo, visitando sítios arqueológicos, montanhas e rios. Custo: cerca de U$180.
· Trilha Salkantay – mais popular, considerada um clássico, entretanto não possui em sua rota ruínas ou sítios arqueológicos. O período de 4 a 5 dias, cerca de 70 km. O custo principal é de 10 soles para a municipalidade distrital de Mollepata – Anta, por se tratar de um Patrimônio Cultural.
A opção escolhida por nós foi a Trilha Salkantay. Mas fizemos a contratação de uma agência de turismo, o custo foi de U$200, incluía guia, alimentação, equipamentos, outros.
Primeiro dia
Encontramos nosso guia na Plaza de Armas de Cusco às 5 horas da manhã. Fomos de van até MollePata, aproximadamente 2,5 horas. Tomamos café da manhã com todo o grupo que faria a trilha, cada um de uma nacionalidade diferente. Nosso guia informou que cada integrante poderia deixar uma bagagem de até 5 kg para as mulas, e cada qual seguiu com a sua mochila de ataque, seus bastões e uma garrafa de água para continuar de van até Cruz Pata.
A caminhada até nosso primeiro acampamento foi tranquila, o guia parava para que todos o acompanhasse, e ele pudesse conhecer um pouco de cada um, durou cerca de 3 horas, até SayllaPata.
Após o almoço tínhamos a opção de ficar no acampamento descansando ou seguir para Soraypampa (3.850 altitude), para visitar a Laguna Humantay.
Laguna Humantay
Enquanto todos chegavam de sua caminhada ao acampamento, se sentavam na tenda, onde era servido o que eles chamavam de happy hour, com pipoca, chocolate quente, chás, e muita conversa.
Todas as refeições eram leves e muito saudáveis, a altitude faz com que nossa digestão fique mais lenta. Eram servidas sopas, muitos legumes, quinoa, pouca carne, e algum tubérculo como mandioca e batatas. No Peru existe uma infinidade de tipos de batatas, e principalmente milho.
Milho Roxo Peruano
O guia falava em inglês e espanhol, porém existem opções de guias que falam português.
A agência disponibilizava barracas, isolantes térmicos, a nossa única preocupação era com o saco de dormir. Em alguns acampamentos tinha a opção de “hot shower”, eu consegui um por 10 soles nesse dia. A primeira noite foi muito fria, o vento chegava a uivar.
Pico Nevado ao fundo do acampamento
Segundo dia
Todos os dias, muito cedo, éramos acordados pelo ajudante, que servia uma caneca de chá de coca bem quente para todos.
Os cafés da manhã continham pães/panqueca/bolos, geleias, frutas, chá, café, leite, achocolatado.
O objetivo naquela manhã era chegar ao nevado Salkantay (4.540 altitude) o trecho continha muita serração e neblina, fazia muito frio também. Após 4 horas de subida chegamos ao topo, onde o guia nos contou um pouco mais sobre a cultura inca e participamos de um ritual; Não sei descrever, mas foi muito diferente de tudo que já vivi, acredito que a cerração e o frio, contribuíram para um cenário de filme, todos nós estávamos abraçados, e o vento levava as folhas para todos os lados, ao final o André, meu marido, ganhou uma pulseira do guia.
Sankantay
Uma curiosidade sobre a cultura inca é explicada pelo nosso guia, que tudo se completa na natureza a ligação entre Humantay e Salkantay, Huana Pichu e Machu Pichu, Llanganuco e Wilcacocha, a representação da fertilidade e prosperidade.
Após uma hora de caminhada chegamos a nossa tenda para um almoço muito merecido.
Na parte da tarde o objetivo era chegar a Chaullay, cerca de 3 horas de caminhada. O trajeto foi mudando, a vegetação, o clima, se tornando mais tropical e quente, perguntado ao nosso guia ele explicou que estávamos na Amazônia Peruana, a partir desse ponto tivemos que redobrar o uso de repelente e protetor solar.
Orquídea e vegetação Amazônia Peruana
O Acampamento desta vez ficava em um deck. O happy hour daquele dia foi mais animado, os meninos tomaram uma cusqueña (cerveja Peruana) sem gelo algum, o que rendeu muitas piadas com os brasileiros que só tomam cerveja gelada. Pudemos nos conhecer melhor, e trocar experiências.
Todos puderam tomar uma ducha quente, e eu consegui até secar os cabelos.
Terceiro dia
Após o café jogamos uma partida de vôlei em uma quadra improvisada, o grupo estava em sintonia, e tudo parecia maior e mais engraçado.
Durante a caminhada podíamos observar várias espécies de orquídeas e cascatas, o guia mostrava quais plantas eram alucinógenas, venenosas, as que eram usadas como tempero, e uma em particular que era usada para tingir, ou fazer pinturas em seus corpos. Com essa planta em mãos, enquanto contava mais histórias da região, fazia uma pintura diferente em cada um de nós.
Imersão cultura Inca
Ao longo da caminhada fomos passando por alguns povoados, pequenas propriedades onde ainda se via o uso de arado á moda antiga, puxado por boi.
O clima estava mais quente e abafado a cada quilômetro.
O nosso grupo chamava-se “Los Pumas”, em alguns trechos da trilha encontrávamos outros grupos que também estavam fazendo o mesmo percurso. Em determinado ponto naquela manhã, chegamos a um povoado onde vários grupos jogavam futebol, Los Pumas também jogaram, e foi mais um momento engraçado e de união do grupo. Depois de terminada a partida, seguimos uma caminhada por um trecho com quedas d’agua, pontes, pedras e muitas plantas coloridas.
Trecho da Trilha Salkantay
Em determinado ponto avistamos uma van, e quase morri de tanta felicidade quando o guia disse que era nossa, o corpo estava cansado, a pele castigada pelo vento e o sol. A van nos levou para uma área de Camping onde almoçamos um macarrão ao molho pesto inacreditável, claro que tinha outros itens a mesa, mas o macarrão foi inesquecível. Neste lugar havia algumas pessoas comentando sobre um café que haviam tomado, e que era o melhor do mundo, mas a fila para comprar uma xícara era longa, então ninguém do meu grupo pode conferir.
Depois de almoçarmos e descansarmos, seguimos mais um trecho de van até nosso próximo Camping. O guia nos informou que teríamos duas opções, ficar descansando ou ir até um termas de águas medicinais, pelo preço de S/ 25 (del sol) por pessoa. E foi uma surpresa muito agradável, o termas era todo feito de pedras, a água provinha de fontes naturais, três piscinas com variação térmica de 38º a 44º, o cenário parece extraído de um livro.
Águas Termales de Cocalmayo
A noite seria a despedida do nosso cozinheiro e seu ajudante, e também teríamos uma festa com fogueira e cachaça. Os pratos foram verdadeiras obras de arte, tudo tinha algum legume esculpido em forma de algum animal.
Enquanto conversávamos após a janta e aguardávamos pela nossa “festa” um rapaz chegou fazendo o convite para participarmos da tirolesa na hidroelétrica de santa Teresa, eu sou medrosa, mas na hora devido ao cansaço e a euforia do momento disse que iria, sem nem pensar a respeito. Foi a melhor decisão da vida, o desafio consiste em cinco tirolesas (a cada zip uma posição e distância diferentes) uma ponte e uma escalada. O custo na época (Dezembro/2018) foi de S/100 por pessoa.
A festa consistia em cachaça peruana, uma fogueira enorme e euro dance. Foi muito divertido, muitas risadas, mas fomos dormir cedo. O canadense que estava dormindo na barraca ao lado é criador de búfalos, e roncava como um.
No quarto dia tomamos nosso café, “levantamos acampamento”, e seguimos de van até a fazenda onde era a tirolesa. Foi tudo muito seguro, os equipamentos eram de primeira linha, nada com desgastes, e na base haviam instruções e selos de empresas que trabalham com ecoturismo pelo mundo. Ao final todos eufóricos brindamos com uma cusqueña gelada, graças a Deus!
Tirolesa na hidroelétrica de Santa Teresa.
Seguimos de ônibus até a central da hidroelétrica, onde caminhamos até o restaurante para almoçamos e descansamos.
À tarde seguimos caminhando até Águas Calientes pelos trilhos do trem. Esse povoado serve de base para quem quer visitar Machu Pichu, o ideal é passar a noite para no outro dia pela manhã, no primeiro horário, subir a pé ou de ônibus os 9 km até a entrada de Machu Pichu.
Entrada Águas Calientes
Águas Calientes apesar de coadjuvante nesse passeio tem várias atrações como a Plaza Manco Capac, banhos termais, bares, restaurantes, gelaterias, e uma espécie de mercadão com muita prata Peruana, lembrancinhas, camisetas, roupas feitas com pelo de Alpaca, objetos esculpidos em pedras, etc.
Plaza Manco Capac
O guia nos levou até nosso hotel, e nos disse para esperar na estação de trem pela nossa bagagem, antes carregada pelos cavalos. Devidamente instalados no hotel, o combinado seria jantarmos todos juntos em um restaurante, onde seriam repassadas as últimas instruções para o dia seguinte. Mandamos a roupa para a lavanderia, tomamos um banho, e descansamos.
Uma dica é não se preocupar em levar tantas roupas, levamos para lavar tanto em Lima, quanto em Águas Calientes, quanto menos bagagem levar melhor.
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