Base Torres del Paine
Torres del Paine é considerado por muitos um dos mais belos parques do Chile, possuindo lagos, montanhas e geleiras exuberantes. Muitos documentaristas e fotógrafos do mundo todo cobiçam observar a fauna e flora tão variada e o clima da região. Em um único dia é possível viver as quatro estações do ano.
Fiz todo o planejamento de nossa viagem baseado nas datas que consegui reservas nos campings para concluir o circuito W invertido. Optamos por fazer o esse circuito, iniciando nossa aventura pela portaria de Pudeto.
Mapa Parque Torres del Paine
Saímos de ônibus de Puerto Natales as 08h15min da manhã, até a portaria de Pudeto, onde os guarda-parques verificaram nossas reservas. Fizemos o pagamento da entrada e nos entregaram os mapas. Seguimos até o trapiche da embarcação de ônibus, que nos deixaria em Paine Grande. DICA: desceu do ônibus corra! Se a embarcação lotar, você terá que esperar ela voltar. O lugar de espera é lindo, porém muito frio.
Lago Pehoé
Quando em fim chegamos a Paine Grande, por volta das 11 horas da manhã, fizemos nosso check-in no escritório (onde eles nos entregam uma etiqueta pra colar na barraca), e montamos nosso acampamento.
Camping Paine Grande
Com uma mochila mais leve e menor seguimos a trilha para o Lago Grey. DICA: quando estiver na cidade base, vá ao mercado e compre itens para lanches rápido. Eu comprei pão e frios para sanduíches. Embrulhei em papel alumínio para manter o melhor conservado possível. Esses lanchinhos foram nossos almoços e café da manhã. Você também não precisa ficar preocupado com água, por todo o parque tem água potável, você só vai precisar carregar uma garrafa.
Essa região tem como característica o vento forte, e a variação climática, em nosso primeiro dia no parque, durante a trilha, tivemos momentos com chuva, outros com sol, mas sempre muito vento. Você deve se vestir como uma cebola, por camadas, para que possa ir tirando e colocando conforme a situação.
A trilha até o lago Grey é em grande parte tranquila. Porém com chuva o chão fica mais liso. O uso de uma bota impermeável é imprescindível.
Se você calcular bem, consegue chegar até o glacial Grey, porém você deve se atentar ao tempo que gastara para ir e voltar para o seu acampamento. Tudo vai depender do circuito escolhido, da sua disposição para andar, e do seu tempo. Nós não conseguimos chegar até o glacial. Estava muito frio, chovendo e ventando. A vontade era de se aquecer e descansar. Fomos bem próximo ao camping Grey, porém decidimos voltar para o Paine Grande, onde tínhamos nosso camping.
Lago Grey, e parcial Glacial Grey
Assim que chegamos ao nosso acampamento, trocamos as botinas por chinelos. Deixar os pés respirarem e a botina secar para o outro dia é muito importante.
No espaço reservado para os campistas havia uma cozinha grande aquecida, com muitas mesas e bancos cumpridos de madeira. No fundo possuía várias pias com água potável para cozinhar e lavar seus utensílios.
Após cozinharmos, não conseguíamos desligar o gás do nosso fogareiro. Nosso fogareiro era do tipo que se acopla ao botijão de gás, se revelando uma péssima escolha. Ele sofreu algumas avarias durante a viagem. Deixamos o fogareiro do lado de fora da barraca, e fechamos da melhor maneira possível, mas não foi o suficiente.
No camping Paine Grande possui a opção de banho quente por CL$3.000 pesos. Por estar muito frio, e nossa barraca estar muito longe, optamos por não tomar banho. DICA: levar lenços umedecidos.
A primeira noite no parque foi extremamente difícil pra nós. Fazia muito frio, e o vento uivava. No meio da madrugada precisamos ir ao banheiro, e vimos várias barracas, e capas voando. DICA: atenção na compra de sua barraca e saco de dormir, se atendem as suas necessidades quanto à temperatura e variações climáticas.
Nosso segundo dia começou por volta das oito horas da manhã. Fizemos nosso café, desmontamos o acampamento e fizemos nosso check-out.
Nosso próximo camping era o Camping gratuito do CONAF. Localizado em uma área de árvores. Esse camping atende as necessidades básicas, com vários banheiros ecológicos, duas fontes de água potável, um guarda-parque, uma área para cozinhar de madeira e chão de terra.
Chegamos por volta de meio dia, com medo de ficar sem gás, fiz uma sopa para o almoço, enquanto o André montava nosso acampamento na companhia de dois gaviões que esperavam por qualquer oportunidade de roubar nossa comida. DICA: deixe restos de comida fora da barraca, amarre em um galho de arvore, mas não deixe dentro da barraca, houve relatos de pessoas que receberam visitas indesejadas, de ratos principalmente, que fazem buracos nas barracas e comem sua comida, e dormem em seu cabelo.
Camping Italiano
Após o almoço, com uma mochila de ataque, tínhamos a meta de subir no Mirador Britânico.
A tarde estava linda, quando chegamos ao mirador, eram 360º de belezas naturais, vista de picos nevados, os chifres das torres e lagos. Uma vista incrivelmente linda e a sensação de estar naquele ponto, era sem dúvida sensacional.
O vento lá em cima é muito forte, havia momentos em que tínhamos que nos abaixar, nos segurar em pedras e arbustos para não sermos arrastados.
Mirador Francês
Um fato, no camping Paine Grande fez muito mais frio, e os campistas eram mais silenciosos. No camping Italiano fez menos frio, e as pessoas conversavam e cantavam muito. Usei o resto do bujão de gás para fazer a nossa janta.
Outro perrengue que passamos, por minha culpa, descobri na hora em que fui conferir meus cálculos de distâncias e os horários para retorno á Puerto Natales. Eu não havia calculado de forma correta as trilhas do terceiro dia, o que fizemos no terceiro dia, deveria ser dividido em duas partes. Como eu tinha que cumprir horários para dar certo meu retorno e cronograma (que envolvia passagens para Ushuaia-AR), nós combinamos que levantaríamos bem cedo para dar tempo. Ou seja, andamos das quatro e meia da manhã às nove e meia da noite. DICA: calcule as trilhas, os quilômetros por hora, leve em consideração as paradas, e as dificuldades que possam surgir.
Como havia o problema dos cálculos, colocamos o celular pra despertar às quatro da manhã. Levantamos acampamento no escuro, e iniciamos a caminhada com lanternas. Não indico ninguém fazer isso, por diversas razões, a principal é o risco de encontrar algum animal que esteja retornando de suas atividades noturnas.
Vimos o nascer do sol colorindo os picos e o Lago Nordeskjold. Caminhamos até o camping Los Cuernos, onde usamos o banheiro e reforçamos nosso protetor solar.
Refugio Los Cuernos
Esse dia, e durante todo o percurso tivemos mais sensação de calor que de frio. E havia muitos lugares onde reabastecer a garrafa de água. Fizemos várias paradas para descansar, se alimentar e hidratar.
Por boa parte daquela manhã não vimos nenhum outro trilheiro. Encontramos alguns “gaúchos” andando á cavalo, que nos informaram que estávamos na trilha correta.
Conseguimos chegar ao camping central por volta das 11 e meia da manhã.
Camping Central
Fizemos nosso check-in e compramos um refrigerante pra acompanhar os últimos sanduíches que tínhamos. Montamos nosso acampamento no melhor lugar disponível. Estávamos em um ponto do parque onde o clima era mais ameno, o sol estava a pino, e o dia perfeito.
Ao meio dia e quinze iniciamos a trilha que nos levaria até a base das Torres del Paine.
Essa trilha é lotada, muitas pessoas optam por conhecer apenas a base das torres. Algumas pessoas acampam no setor central, ou se hospedam no hotel fazenda. Esse foi o único dia que vimos alguns brasileiros.
A trilha é difícil, porém o último km é extremamente desafiador, uma subida muito íngreme, com pedras e areia. Algumas pessoas que estavam descendo eram muito mal educadas, jogavam quem estava subindo para o lado, não pediam licença. DICA: sempre que estiver em uma trilha no sentido de descida, de a vez pra quem está subindo. Não passe vergonha, a regra é dar espaço pra quem está subindo.
A chegada foi impressionante, é como se você entrasse em um esconderijo, maravilhoso, a água do degelo era verde, o sol estava alto, e o vento era de cortar. Eu sofri muito pra chegar, era o meu objetivo, e eu fiz de tudo pra concluir, até quebrei meu bastão.
Base Torres del Paine
No retorno tínhamos a intenção de jantar no refúgio Chileno, porém estava lotado, teríamos de esperar cerca de 2 horas pra poder fazer nosso pedido. Desistimos e compramos um pacotão de salgadinho. Mas a falta que fez comer algo quente naquele dia foi triste.
Chegamos ao camping por volta das nove e meia da noite, com o sol ainda se pondo. Tínhamos opção de banho quente, de graça, o que nos ajudou a relaxar o corpo. Nossa janta nesse dia foi chips, bolacha e refrigerante. Dormi muito bem naquela noite, estava mais quente em comparação com os outros campings.
Quando acordei no quarto dia, meu rosto estava inchado, queimado, e meus lábios inteiros machucados. Eu coloquei meu chinelo e meias, caminhei devagarinho até chegar à portaria do parque.
O café me revitalizou, nesse momento pude observar as pessoas chegando para iniciar o percurso por ali, conferindo as reservas nos campings, suprimentos, grupo, etc...
A sensação de ter conseguido enfrentar esse desafio foi maravilhosa, eu nunca estive em um lugar tão lindo. Saudações mãe natureza!
Valores (por pessoa; em peso Chileno):
Ônibus $7.500
Taxa entrada parque $21.000
Embarcação $23.000
Suvenires $5.000 (média por item)
ÚLTIMA DICA DESTE POST: Itens de extrema necessidade são: óculos escuros (preferência com lentes polarizadas), protetor solar e protetor labial. A combinação de vento forte, e a alta incidência de raios UV devido à uma falha na camada de ozônio se localizar sobre a Patagônia, fazem com que seja necessário tomar bastante cuidado em relação à saúde da pele.
Obrigada pelas dicas. Show debola! Você sabe me informar quanto tempo levaria do francês até o chileno? Obrigada